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Foto do escritorLucas Gelásio

Quatro místicos que preservaram sua identidade


Volta e meia, alguém questiona: por que o místico que recebeu tal revelação não quer tornar pública a sua identidade?


A pergunta, muitas vezes, é honesta. Nesses casos, sempre exponho aquelas respostas que vocês já ouviram: os místicos costumam querer que o foco seja a mensagem, e não a pessoa deles; as revelações não vêm quando eles querem, mas quando Deus manda, então de nada adiantaria aos demais saberem quem são os videntes; entre outros motivos. Revelações privadas não são necessárias para a salvação das almas, mas Deus as envia para o auxílio dos homens em situações específicas, como nas vezes em que os místicos São Francisco e Santa Catarina de Siena ajudaram a reerguer a Igreja em tempos de crise.


Outras vezes, porém, a pergunta vem com um ar de acusação, como se fosse imoral que uma pessoa quisesse preservar-se e ter uma vida recolhida. Nesses casos, o acusador passa a espalhar a desconfiança, lesando as virtudes da justiça e da caridade. Sob um disfarce retórico de cautela e prudência, ele camufla seu pecado de juízo temerário. Para piorar, ainda influencia outros a acompanhá-lo no mesmo erro.


Para se preservar contra essa armadilha, vale a pena meditar os comentários dos bons autores espirituais que combateram o juízo temerário e a maledicência, como Santo Inácio de Loyola, em seus Exercícios Espirituais; Tomás de Kempis, na Imitação de Cristo; São Francisco de Sales, na Filotéia; e Francisco de Osuna, no Terceiro Abecedário Espiritual. Osuna inclusive comenta que, quando alguém julga temerariamente que o outro cometeu pecado grave, a ele cairá a pena do pecado que atribuiu ao acusado. Poucos percebem, mas este é o sentido do quinto pedido do Pai-Nosso: que nós sejamos julgados assim como julgamos os outros.


A preservação da identidade de um místico nunca foi vista com desconfiança pela Igreja, que inclusive já canonizou santos que, em vida, optaram pelo sigilo de seus nomes. Confira, a seguir, três casos de santos e um outro pouco conhecido, mas análogo ao material que venho publicando. Além desses, existem muitos outros.


1) São João Bosco


Dom Bosco recebeu uma revelação sobre um grande castigo futuro. Entregou-a por escrito a um amigo e pediu-lhe que, preservando sua identidade, a repassasse a algum prelado de Roma. A profecia chegou ao Papa Pio IX e foi citada em La Civiltà Cattolica, sem informações sobre o místico, em 1872.


2) Santa Catarina Labouré


A freira que recebeu a revelação da Medalha Milagrosa contou suas visões apenas à superiora e ao diretor espiritual, e este encarregou-se de difundir a nova devoção. A identidade da vidente foi guardada em segredo por 46 anos, até seu leito de morte, em 1876.


3) Santo Antônio Maria Claret


O arcebispo de Cuba recebia revelações sobre um castigo futuro e sobre o entendi- mento do Livro Apocalipse. Quando, em 1857, publicou o livro A Época Presente Considerada como Provavel- mente a Última do Mundo, comentando o Fim dos Tempos, resguardou sua identidade sob a discreta sigla D. A. M. C.


4) Irmã M. d. l. C.


A desconhecida freira recebeu revelações de uma alma do purgatório. Elas foram publicadas sob o título Manuscrito do Purgatório, originalmente em francês, preservando sua identidade. A tradução brasileira recebeu imprimatur do bispo Dom Paulo, auxiliar de São Paulo, em 1953.


Uma testemunha em favor de Irmã M. d. l. C. foi nada menos que Cônego Dubosq, o promotor da fé no Processo de Canonização de Santa Teresinha do Menino Jesus. Ele nada viu de errado na preservação da identidade da freira, nem na publicação de revelações trazidas por uma alma do purgatório.


Você se lembra de mais algum caso que não foi citado? Escreva-o aqui nos comentários.

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